O que se passa dentro da cabeça de um homem momentos antes de ele se matar? Que caminhos tortuosos percorre sua mente e que mecanismos de distorção ela é capaz de produzir ao passar a limpo uma vida marcada pela mediocridade, a total inadequação às transformações sociais de seu tempo, o fracasso profissional e pessoal, e por uma permanente falsificação da realidade como único e desesperado recurso para manter vivo um fio qualquer de esperança? A busca de uma linguagem que pudesse representar os meandros do processo mental de um suicida em meio à turbulência caótica de seus instantes finais foi o grande leitmotiv de Arthur Miller na edificação da estrutura narrativa daquela que viria a ser considerada sua obra máxima para o teatro – A Morte de um Caixeiro-Viajante (Death of a Salesman), de 1949 –, como ele mesmo revelaria em ensaio publicado nos anos 60. O estabelecimento de códigos capazes de reproduzir na cena a velocidade, a fragmentação e o caráter abismal e aterrador de uma personalidade em franca desintegração é também a chave para a fundação da arquitetura cênica de Felipe Hirsch na quarta montagem do clássico de Miller no Brasil*, que faz sua estréia nacional no próximo dia 8 de agosto no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. O espetáculo marca o reencontro do diretor curitibano com o ator Marco Nanini e a cenógrafa Daniela Thomas, depois do premiado e perturbador Os Solitários, de 2001, e, também, a volta aos palcos brasileiros, após quinze anos de ausência, de Juliana Carneiro da Cunha, que desde 1990 integra o legendário Théâtre du Soleil, de Ariane Mnouchkine.

A equipe de criação reúne ainda os dois atores que, junto com Hirsch, formam o núcleo central da Sutil Companhia de Teatro (este ano completando sua primeira década de existência) – Guilherme Weber e Erica Migon ¬– e alguns dos mais constantes colaboradores do diretor – a figurinista Rita Murtinho, o iluminador Beto Bruel, e os compositores Rodrigo Barros Homem D’El Rey e L.A. Ferreira.

Patrocinada pela BR-Petrobras, a produção leva a assinatura do próprio Nanini – que, desde 1979, vem acumulando essa função na imensa maioria dos espetáculos em que atua ou dirige – e de Fernando Libonati, da Pequena Central, seu sócio há 12 anos. Curiosamente, no entanto, foi o diretor Felipe Hirsch quem instigou o ator a aceitar o desafio de dar vida a Willy Loman, o patético e comovente personagem-título de A Morte de um Caixeiro-Viajante. A encenação era um projeto acalentado há pelo menos três anos pela Sutil Companhia de Teatro, pelo fato de o texto de Arthur Miller se prestar, como poucos, e possivelmente mais que qualquer outro da História da Dramaturgia Ocidental, à investigação em torno da narrativa de memória, a que o diretor e sua companhia vêm se dedicando desde 1997.

A leitura de Hirsch coloca em cena a versão integral do texto de Miller, em dois atos e um réquiem, na tradução já consagrada de Flávio Rangel.    De Arthur Miller



ELENCO
Marco Nanini
WILLY LOMAN
Juliana Carneiro da Cunha
LINDA
Guilherme Weber
BIFF
Gabriel Braga Nunes
HAPPY
Francisco Milani
CHARLEY
Pedro Bricio
BERNARD
Bruce Gomlevsky
TIO BEN
Analu Prestes
A MULHER
Rubens Caribé
HOWARD WAGNER
Dora Pellegrino
SENHORITA FORSYTHE
Ana Kutner
LETTA
Paulo Alves
STANLEY
Sylvi Laila
JENNY

EQUIPE DE CRIAÇÃO
Direção: Felipe Hirsch
Tradução: Flávio Rangel
Cenário: Daniela Thomas
Figurino: Rita Murtinho
Iluminação: Beto Bruel
Trilha Sonora: L. A. Ferreira e Rodrigo Barros Homem d'El Rei
Projeções: Ricardo Fernandes
Comunicação Visual: Muti Randolph
Fotografia: Flávio Colker
Preparação Corporal: Juliana Carneiro da Cunha
Assistente de Direção: Erica Migon
Designer Assistente: Mayra d'El Rei
Direção de Produção: Eliane Lax
Coordenação de Produção: Fernando Libonati
PRODUTORES ASSOCIADOS
Marco Nanini e Fernando Libonati
REALIZAÇÃO
Trupe Produções e
Pequena Central de Produções Artísticas Ltda

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