De Gerald Thomas escrito para Marco Nanini O espetáculo foi escrito especialmente para Marco Nanini. Observando o ator há anos, sei de suas idiossincrasias, suas máscaras, imagino como constrói seus personagens e como se “confunde” de mentira no palco. Então, “Circo de Rins e Fígados” é uma comédia do absurdo macabro. Levemente baseado no que seria uma revisitação do “O Balcão” de Genet (40 e poucos anos depois), nesse mundo de valores trash em que vivemos, o mundo de Nanini ganha algo gigantesco e misterioso de presente (as caixas vindas de Nova York) e logo em seguida isso lhe é confiscado, seu mundo invadido, seus segredos mais íntimos e macabros trazidos à tona (na típica forma do teatro do absurdo). Mas ao contrário do mundo onde Genet vivia, Nanini é aplaudido pelos seus hábitos macabros e psicopatas. Ao contrário do que se pensava, isso acaba abrindo portas profissionais para ele, com ator. Mas no fundo da questão estava a vida de um foragido: um brasileiro desaparecido em NY desde o dia dos ataques de 11 de setembro, João Paradeiro. Um homem que havia vivido mais da metade de sua vida na clandestinidade em Nova York havia sido preso pela policia, mas conseguira fazer chegar ao autor toda espécie de documentos (sobre a intervenção da CIA no golpe de 64, documentos secretíssimos sobre o ataque ao Iraque, coisas pessoais, contrabando de órgãos). O autor, por sua vez, também confinado à ilha de Manhattan, resolve mandar tudo para o ator Marco Nanini. O resto é uma sucessão de cenas “acredite se quiser”, com cada cena puxando o tapete da cena anterior. Nanini, ele mesmo, não sabe se está sendo enganado ou se está enganando. Numa espécie de Twilight Zone, o espetáculo prossegue num delírio surrealista, tecido pra que Nanini exerça toda a sua comicidade (macabra e sombria às vezes) e dramaticidade quando, no final do espetáculo vira uma grande homenagem ao teatro e ao Brasil, esse País confuso, contraditório, absurdo, enfurecedor e, no entanto, encantador e apaixonante, O Brasil é a nossa amante eterna. Político, não político, apolítico e profundamente dramático (assim como Chaplin que nos fazia chorar de rir) Marco Nanini explora o território da loucura que o Brasil nos propõe: chacinas e a arte divina e um povo maravilhoso que não sabe reagir a isso por...... sei lá, falta de tudo, Falta tudo. Analfabetismo. Comida. Falta envolvimento político real. Mas tem alguém nesse Brasil fazendo isso de verdade: e esse alguém não é um político: seu nome é Danilo Santos de Miranda. Ele atua em todas as áreas, Graças à ele, a cultura vai pra frente, a comida vai pras bocas famintas também. Esse homem se desdobra em mil. Se o Brasil pudesse se mirar um pouquinho que fosse nesse homem, estaríamos anos luz na frente do nosso tempo. 

TEXTO
 Gerald Thomas com Marco Nanini 
ELENCO Fabiana Guglielmetti Amadeo Lamounier Pedro Osório Gustavo Wabner Gilson Matogrosso Beto Galdino Rodrigo Sanchez William Ramanauskas Narciso Tosti 
FICHA TÉCNICA
 Direção artística, iluminação, trilha sonora, programação visual, cenografia e ilustração dos painéis 
Gerald Thomas
 Direção de produção: Fernando Libonati 
Figurino: Antonio Guedes
 Música: (entre muitos compositores clássicos e anti clássicos temos o brasileiro vivíssimo em nova York) Alexandre Lunsky Preparação de elenco: Luis Damasceno Direção de movimento: Dani Hu Coach para Marco Nanini: Mauricio Guilherme e Narciso Tosti Elenco de apoio: Marcus Vinicius Gonçalves e Ernani Sanchez Fotografia: Flavio Colker, Guga Melgar e Victor Hugo Cecatto Produção executiva: Marco Aurélio Monteiro Assistentes de produção: Carol Figueiredo e Rodrigo Sanchez Produção cenografia / Eliane Lax 
Produtores associados Marco Nanini e Fernando Libonati 
Produção Pequena Central de Produções

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